Abaixo fica a conclusão da alocução, por mim proferida, no dia da freguesia de Porto Judeu. Já não era sem tempo!
Não se sabe em que data ascendeu à categoria de Freguesia, poderá ser anterior a 1502 mas nada temos de concreto que o prove. A sua igreja paroquial, dedicada a Santo António, poderá ser uma prova fundamental para demonstrar que este lugar já seria freguesia em 1515, altura em que se crê que tenha sido construída. Mas os primeiros dados, apurados pelos historiadores remontam a 1557 com os primeiros assentos de baptismo realizados por um padre de nome Trancosa.
Nós temos de ter muito orgulho no nosso passado, como povo, que soube sobreviver às agruras da natureza e dos corsários que por esta terra entravam e saqueavam tudo até pessoas, como o menino Pedro Francisco, que daqui levado contra sua vontade, foi um dos que ajudaram a fazer a terra da América ser o que hoje é ; Os Estados Unidos da América. Por isso, é merecedor de muitas honras naquele pais e aqui na sua terra onde tem uma rua com o seu nome e uma placa afixada junto á pia baptismal onde recebeu aquele sacramento, mas para muitos de nós continua a ser um perfeito desconhecido. É necessário levar a todos a nossa história, recontando-a, descobrindo-a e quiçá publicando-a em livro para que cada um de nós saiba minimamente o papel que esta freguesia teve na história da ilha, dos açores de Portugal e do mundo!
Até 1870 esta freguesia fez parte do extinto, naquela data, concelho de São Sebastião, sendo integrada noutro , o de Angra. A nossa história poderá se confundir com a da Vila vizinha. Até O Rei D. Manuel o fez ao assinar uma carta régia, por equivoco, em que elevou durante um ano este local à categoria de Vila, poderemos então dizer que fomos a primeira Vila da Ilha.
Em 1581 ao ver a armada espanhola aproximar-se foi o Povo deste lugar que primeiro tocou sinos a rebate, chamando a atenção para o inimigo que vinha tentar tomar a ilha e único reduto que ainda orgulhosamente hasteava a bandeira Portuguesa . Resistimos, heroicamente, e fomos durante mais algum tempo sozinhos Portugal. Não importa, onde hoje se situa o local que assinala a batalha, importa sim apurar quem foram e de que forma os primeiros a resistir ao invasor e isso foram os nossos corajosos antepassados com certeza !
Não se sabe em que altura Porto Judeu nasceu e não poderemos celebrar um dia da nossa freguesia com rigor histórico porque, por enquanto, não se descobriram documentos que indiquem datas. Por isso, e muito bem, decidiu a nossa Assembleia de Freguesia, na sua ultima reunião ordinária, celebrar o dia de Porto Judeu no fim de Semana mais próximo do dia 13 de Junho, dia de Santo António.
È que já vinha sendo tempo de termos um dia, o nosso dia!
Esta freguesia que em termos históricos, culturais e económicos é das mais importantes da ilha merecia ter o seu dia. Um dia em que se recordem os seus feitos, como a participação na batalha da Salga. Os seus naturais:
- Brianda Pereira, Pedro Francisco, Padre José Maria Pacheco de Aguiar, Maria Augusta e tantos outros que conhecemos do nosso desporto ou do teatro popular como José Gregório e Manuel Miranda, não citando mais nenhum para não esquecer ninguém, os nossos pintores, como Deodato recentemente falecido, as nossas industrias e comércios e os nossos homens e mulheres simples que fizeram e fazem esta terra ter coração.
Um dia em que se saliente que o Porto Judeu é das maiores freguesias da ilha e que merece estar no mapa e que chegou a hora de todos nós, incluindo os nossos governantes, termos orgulho no seu presente e no seu passado!
Chegou a hora de afirmarmos que somos um povo com identidade própria e que dela se orgulhamos.
Porto Judeu continua a crescer em habitantes e em cultura. Muitos de nós conseguimos estudar mais que os nossos pais e avós e hoje muitos, dos naturais de Porto Judeu, já têm cursos superiores e o analfabetismo entre as camadas mais jovens quase não existe. Somos uma freguesia com grandes potencialidades humanas, naturais e físicas, somos talvez a freguesia com mais infra-estruturas nos Açores, e também como é natural com muitos problemas, mas há que aproveitar o que de bom temos, tentando corrigir o que houver para fazer nesse sentido.