O CARNAVAL VISTO POR DENTRO
Já lá vai o tempo em que se esperava pelo Domingo de Páscoa para se rever ou ver as Danças de Carnaval. Ainda me lembro de se fazerem muitas Danças de Páscoa, que retratavam a vida de Santos. Hoje, para que estas genuinas manifestações da nossa cultura popular actuem nesta data é um problema! Quase todos os intervenientes alegam que as danças são do e pelo Carnaval tendo-se assim perdido esta tradição.
Em boa hora a Junta de freguesia de São Bento, apoiada pela sua congénere da Vila das Lajes, organizou, em "Sábado Aleluia", o I Encontro do Carnaval da Ilha Terceira. Para além de se lembrar aos presentes que o nosso Carnaval não se esgota naquela época e continua bem vivo o ano inteiro na alma de quem o faz.
Do programa de trabalhos constaram três paineis a saber:
1º- Enredos para Danças e Bailinhos
O primeiro painel foi apresentado pelos , enredistas, mais conhecidos da ilha Hélio Rocha, João Leonel, António Mendes e João Mendonça.
Falou-se de vários temas relacionados com os assuntos abordados pelas danças e como o são. A evolução das danças e bailinhos até ao desaparecimento da figura do Ratão. Para que servia esta figura e se hoje teria alguma vantagem a sua utilização. A conclusão a que se chegou é que nos enredos actualmente apresentados todos os actores funcionam como "Ratões" o que faz com que esta figura seja descabida pois, quando era utilizada, servia como "desarreda" , as actuações eram em terreiros, e os espectadores amontoavam-se à volta das danças para poderem ver.
2º - Música e Canto
A evolução da música através dos tempos teve a presença, no painel de convidados, de José João Dutra, Evandro Machado e José Avelino. Um assunto que gerou alguma polémica entre os presentes, com muitos a defenderem a manutenção dos instrumentos tradicionais ao passo que outros, pugnam para que outros instrumentos que têm vindo a ser introduzidos sejam aceites como fazendo parte da evolução do Carnaval .
3º- Teatro Popular e Ensaiadores
Com a presença de João Dutra, Eduina , e António Dutra foi outro belo momento em que se falou de músicas e de ensaio de vozes, personagens e da necessidade das entidades oficiais apoiarem as nossas Danças de Dia, Espada, pois esta manifestação carnavalesca tem cada vez mais dificuldades em aparecer, temendo-se da parte de alguns o seu desaprecimento.
Outra das ideias com que fiquei é que deveria haver uma maior divulgação deste evento no exterior, pois poderá ser um bom e apetecivel cartaz turistico é que esta manifestação teatral é única no mundo e de uma riqueza sem par, quer em termos de vestuário, assuntos, cantigas, música ...
Pires Borges , entusiasta do Carnaval , foi um dos oradores da tarde tendo falado da quantidade de intervenientes no Carnaval da Terceira que já rondam os 1400 bem como de estatisticas da participação das mulheres ao longo dos anos que tem vindo a aumentar de ano para ano.
No fim houve um convivio com todos os participantes oferecido pela junta de freguesia de São Bento, proporcionando-se uma aména cavaqueira entre todos os intervenientes.
A conclusão principal , a reter, O nosso Carnaval está cada vez mais vivo e recomenda-se.